Eu sou dessas que, quando ama muito um autor, fura a fila de livros na cara de pau sempre que ele lança uma obra nova. É o caso do Raphael Montes! Assim que vi O Vilarejo dando sopa na livraria, tive que comprar e ler bem rapidinho. E fico feliz em dizer que, no meu humilde julgamento, este pequeno livrinho é o melhor trabalho dele.
O Vilarejo tem uma apresentação interessante. Não se trata de um romance, mas de uma coletânea de sete contos que se passam no mesmo universo - no caso, no vilarejo-título - e que estão interligados, tendo personagens em comum que influem ativamente nos acontecimentos das outras histórias. São sete contos, sobre sete personagens, que se relacionam com os sete pecados capitais, e que, por sua vez, trazem como títulos sete nomes possíveis para o diabo. Tá bom de sete, né?
O Vilarejo em questão ficava localizado em algum ponto longínquo da Europa e já está extinto. Foi palco de acontecimentos misteriosos e medonhos, que são contados de maneira não-linear ao longo dos contos. Neste lugar com ares de amaldiçoado, ninguém é bonzinho, ninguém é santo, todos os habitantes, mesmo aqueles que parecem irrepreensíveis, trazem em si uma sementinha maligna que, devido à influência de outras pessoas e do ambiente, acaba por germinar e dar origem a atos terríveis.
No fundo, este é o ponto central do livro: o fato de que, de perto, ninguém presta. Todos os personagens trazem o mal dentro de si de alguma maneira. E, no fim das contas, não é assim também no mundo real? Esta premissa me lembrou muito o filme Dogville de Lars Von Trier, que também brinca com a ideia de pessoas que aparentemente têm bom coração mas que, quando surge a oportunidade, revelam a maldade que há nelas.
Resumindo: o livro é bom, mas muito bom mesmo! Tem a dose certa de mistério, de horror e de suspense, sabe quando entregar um pouco mais da história e quando é a hora de deixar o leitor curioso, é inteligente e bem escrito, além de ter um projeto gráfico maravilhoso, ilustrações lindas e que casam superbem com os contos e edição impecável.
Eu já tinha gostado muito de Suicidas e de Dias Perfeitos, mas sempre tive a impressão de que Montes prometia mais do que estes livros entregavam. Suicidas, por ter sido o primeiro, carecia de maturidade em determinadas passagens, enquanto Dias Perfeitos me perdeu no desfecho, que julguei completamente inverossímil. Mas, com O Vilarejo, o autor chegou ao seu ápice, unindo os elementos que os dois primeiros livros tinham de melhor.
Se em Suicidas e Dias Perfeitos o leitor sentiu asco, raiva e algum nervoso, em O Vilarejo sente-se, sim, medo. Mais do que os primeiros livros, este é mais focado no terror, com alguns elementos do gótico pincelados aqui e acolá, trazendo elementos chocantes logo no primeiro conto. Sobre a comparação com Stephen King na capa: vamos devagar. Não dá para comparar, ainda, a tensão que o leitor sente lendo O Vilarejo daquela experimentada lendo um clássico de King. Mas, afinal de contas, Montes tem toda uma carreira pela frente e com certeza tem potencial para ser um novo mestre do suspense e do terror.
No vídeo abaixo eu mostro um pouquinho da edição incrível do livro e falo sobre minha impressão de leituras. Dá o play que vale a pena!
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