(Para ler escutando Coldplay. Obrigada, de nada)
Nos últimos tempos eu tenho estado bastante pensativa em relação às expectativas que a gente cria e que, via de regra, acabam não se realizando. Eu não sei se ando especialmente desgostosa com a minha carreira e com a minha vida ou se todo mundo passa por isso em algum momento, mas fato é que, do alto dos meus 28 anos recém-completos, eu ainda me sinto frustrada com quem me tornei. Não que tenha algo errado comigo. Ao contrário, o problema é que me tornei uma mulher comum, quando tudo que eu jamais quis na vida foi ser comum.
Não é que eu queira encarnar o meme da diferentona, nem nada. É só que passei toda a infância escutando sobre o quanto eu era promissora, o quanto me achavam superinteligente, só porque eu lia, quantas maravilhas eram esperadas de mim, quando crescesse. Parecia um bom plano, exceto pela parte em que nunca se tornou realidade. Eu pareço ser daquelas pessoas que fica sempre "na promessa", na expectativa de um sucesso que jamais chega. Eu, que na verdade nunca fui tão inteligente assim, e tenho problemas sérios de relacionamento e zero skills no trato com pessoas, acabei me tornando uma adulta bem comum, bem diferente do prodígio que sempre se esperou de mim.
E eu penso que é a expectativa que fode estraga tudo, sabe? Quando eu penso na Fabiola de 10 anos atrás, sinto no íntimo que ela não se orgulharia da pessoa que acabou se tornando. Porque ela tinha tantos sonhos, pensava em participar da construção de um mundo melhor, esperava se formar e ganhar o mundo, construir uma carreira e se tornar o que costumamos chamar de pessoa bem-sucedida. E, no fim das contas, não é que eu seja um fracasso total comparada às minhas amigas, que estão mais ou menos no mesmo barco da falta de perspectiva. Mas estou bem aquém do que eu esperava que viesse a ser. E a quebra das expectativas dói na alma e no ego.
"When she was just a girl she expected the world
But it flew away from her reach and the bullets catch in her teeth"
Eu queria ser tanta coisa, e sinto que, no fim, não sou nada. Não sei se ainda dá tempo de começar tudo de novo e virar protagonista da minha própria vida, coisa que nunca fui de verdade, ou se os sonhos envelhecem e perdem a força conforme a gente cresce. Talvez, apenas talvez, ainda dê tempo de sonhar com o paraíso e correr atrás de torná-lo real. Quem sabe?
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