Uma moedinha sobre o dia internacional da mulher

sexta-feira, 8 de março de 2013
Hoje o dia foi recheado de ações #fail nas mídias sociais para o Dia Internacional da Mulher. Várias delas devidamente documentadas na ótima página Analista de Mídias Sociais da Depressão. E criaram polêmica. Para variar, pessoal não entende a causa feminista, acha que nós somos um bando de histéricas mal-humoradas que queremos ser melhores do que os homens, quando, na verdade, oque queremos é igualdade e, sobretudo, respeito.

Choveram comentários em minha timeline sobre "estas feministas chatas que não gostam de gentileza e não gostam de receber os parabéns no dia delas". E, pasme, muitos dos comentários anti-feministas partiram de mulheres. Sorry, mas não é bem assim que a banda toca.

Eu, Fabiola, não me ofendo quando me dão os parabéns, quando me dão bombons ou quando me felicitam de alguma maneira por ser mulher, "no meu dia". Porém, acho no mínimo incoerente ver vários homens passarem o dia postando "homenagens" às mulheres no facebook quando, nos demais 364 dias do ano, as humilham, as traem, as machucam, as ofendem. 

Acho fútil quando empresas dirigem toda a sua comunicação a questões como TPM, não ter roupa para sair, quebrar uma unha e coisas do tipo, como se as mulheres fossem só isso, um poço de vaidade e hormônios borbulhantes.

Quadrinho retirado da página da Turma da Mônica no facebook


E sabe por que eu me irrito com isso? Porque o dia da mulher foi criado por um motivo que não dá orgulho nenhum, a nenhuma de nós. Foi feito para simbolizar o triste dia em que 129 operárias que lutavam por condições melhores de trabalho foram trancadas em uma fábrica que foi incendiada, e deixadas lá para morrer queimadas. Bonito, não é? Então, pare de achar que o dia 8 de março foi feito para homenagear as ~lindas criaturas que tornam o mundo mais bonito e delicado~. Não foi. Foi símbolo de uma luta que não para nunca. 

E muita gente deveria estar pedindo desculpas às mulheres, ao invés de postar homenagens duvidosas na timeline, se você quer saber. Prova disso é que hoje, quando saí para almoçar, em um período de meia hora tive que escutar vários comentários baixos na rua, como "delícia", "que que é isso, hein" e outros elogios do tipo. O motivo: como já ia direto para a ~night~, vim trabalhar de vestido curto e salto alto. Aparentemente, ao fazer isso, eu estou pedindo para ouvir baixaria na rua. 

Não só hoje, mas todos os dias do ano, para o resto da minha vida, eu quero poder usar a roupa que eu quero, ir para onde eu bem entender, ter o direito de sair sozinha sem ter que ouvir gracinhas pela rua, sem correr o risco de ser estuprada ou humilhada somente por ter nascido com um cromossomo X a mais. 

Eu não me importo de ganhar doces, de ganhar flores, de ganhar os parabéns no dia da mulher. Não costumo recusar gentilezas, se forem sinceras ao invés de hipócritas. Mas espero, de verdade, ser respeitada todos os dias do ano, e não só em 8 de março. Mais do que ganhar uma rosa, eu quero ser vista como um ser humano, não como um ser mais frágil, mais submisso e, em vários aspectos, inferior. 

Pense nisso. E um feliz dia da mulher para você, hoje, amanhã, e depois de amanhã... :)
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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