Gostei mas não amei: Garota Exemplar de Gillian Flynn

segunda-feira, 30 de junho de 2014
Eu não sei se com todo mundo é assim, mas comigo, se eu vou com muita sede ao pote, acabo me decepcionando em 80% das vezes... pelo menos no que se refere à literatura! E foi exatamente isso que aconteceu com Garota Exemplar, de Gillian Flynn. Eu tinha certeza que ia amar, porque gosto de livros de suspense e o livro está sendo super elogiado por aí... mas na verdade eu gostei, mas não me apaixonei.



Garota Exemplar conta a história de Amy Elliot, uma garota que só é exemplar no título. Ela é casada com Nick Dunne, um cara bonzinho porém babaca. No dia do quinto aniversário de casamento, Amy desaparece sem deixar rastros, e logo todas as suspeitas recaem sobre seu marido. Mas será que Nick, dentre todos os seus defeitos, também é um assassino? Isso a gente descobre mais ou menos na metade do livro, que é quando a narrativa começa a ficar interessante de verdade!

Uma coisa que curti muito foi o fato de a narrativa alternar entre os pontos de vista de Nick e de Amy. Enquanto alguns capítulos são narrados por Amy Elliot em seu diário (obviamente escrito antes do desaparecimento), outros são narrados pelo marido, assim o leitor nunca sabe direito o que pensar! Achei curiosa a maneira como a autora nos faz odiar ou amar um dos personagens a cada capítulo, e eu me peguei dividida entre ódio mortal e amor eterno pela Amy em vários momentos.



Por falar na Amy, ela é sem dúvida a melhor coisa do livro! Adorei a construção da personagem, suas falhas de caráter encobertas pela beleza estonteante e por seu charme, adorei como ela é super inteligente e tem tiradas implacáveis, sobre seu papel (e o das mulheres em geral) na sociedade e sobre a vida, basicamente. Anotei várias das suas reflexões, porque me identifiquei horrores! Já com o Nick, embora eu tenha torcido por ele em alguns momentos, não conseguiu me cativar. Me parece o tipo de homem que eu desprezaria se fosse de carne e osso. 

Embora o livro tenha construções interessantes e seja bastante envolvente da metade em diante, preciso dizer que notei algumas falhas graves. Duas coisas me incomodaram muito: o início e o final! O início do livro, apesar de ser promissor com o desaparecimento de Amy Elliot logo nas primeiras páginas, é meio moroso. A história demora a convencer o leitor, tanto que eu demorei umas três semanas para ler cem páginas! Depois de um tempo o livro engrena, mas aí o final morninho e "indeciso" estraga tudo de novo. Digo "indeciso" porque é um final tão sem graça, tão em cima do muro, que me deu sono, sério. Sim, é imprevisível. Mas imprevisível nem sempre é sinônimo de bom.

Enfim, falo melhor sobre o desenrolar da história, a construção dos personagens e sobre a minha experiência de leitura no vídeo, vale a pena assistir.



Em geral, gostei do livro, mas não amei, não releria, e não acho que seja necessário na estante. Mas não se deixe levar totalmente pela minha opinião, pois, aparentemente, muuuita gente adora este livro. Indico para quem gosta de livros de suspense com uma narrativa pouco usual e personagens ~peculiares~.

Quem já leu me conta o que achou. o/
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





Dando uma chance ao King: Misery ♥

segunda-feira, 23 de junho de 2014
O bom de se ter um canal literário e a mente aberta é que você pode acabar mudando de opinião e se surpreendendo. Foi esse meu caso com o Stephen King! Eu havia lido Carrie a Estranha há muitos anos e detestado, então perdi totalmente o interesse em ler qualquer outra coisa do autor. Mas aí a Suma de Letras lançou uma bela edição de Misery e eu fiquei super curiosa! Li, amei, e estou aqui para tirar o chapéu para King e dizer o que eu achei do livro.



O plot é perturbador: Paul Sheldon é um escritor best-seller que sofre um acidente de carro e acaba socorrido por Annie Wilkes, uma mulher aparentemente inofensiva. Ela o reconhece, e, ainda por cima, se diz sua fã número 1, tendo lido absolutamente todas as suas obras! 

Então, o que poderia dar errado? Muita coisa! Aos poucos, Annie se mostra obsessiva, possessiva e desequilibrada, e o mantém dopado e preso em sua casa, sem avisar a ninguém do paradeiro do escritor! Em dado momento, resolve que Sheldon precisa escrever sua obra-prima especialmente para ela, e, para incentivar o trabalho, ela não hesita em usar métodos pouco ortodoxos, como machados, seringas, agulhas e facas elétricas. 



A narrativa é o ponto alto do livro! Fiquei impressionada em como Stephen King conseguiu criar uma atmosfera angustiante, que vai se tornando ainda mais intensa com o decorrer da história. É daqueles livros que você engole, porque precisa saber o que vai acontecer. E, quando chega ao final, você se surpreende, porque é um desfecho amarradinho, coerente e extremamente surpreendente. Não tenho nada de ruim para falar deste livro, juro! 

Um comentário meio off-topic é que eu adorei as pequenas pílulas de reflexões sobre o ofício de um escritor que permeiam a narrativa, e a ligeira alfinetada nos escritores caça-níqueis que vendem a alma que escrevem somente por dinheiro, lançando mil livros por ano e fazendo questão de ser o mais comercial possível. Metalinguagem curiosa, eu diria. 

Enfim, eu tive emoções intensas lendo este livro e com toda certeza ele terá um lugar cativo na minha lista de favoritos de todos os tempos! No vídeo abaixo eu conto melhor sobre minhas impressões de leitura. Vale a pena assistir :)


Para quem gosta destas histórias perturbadoras, existe um filme antigo baseado em Misery chamado Louca Obsessão. Eu assisti após ter lido o livro e achei uma adaptação excelente! Apesar de ter várias licenças poéticas, o longa é bastante fiel à obra e consegue transmitir o clima de tensão presente no livro. Só acho que a Annie do filme é infinitamente mais boazinha do que a Annie do livro, que é totalmente surtada, mas tudo bem. Vale assistir também. ;)

Confesso que ando meio obcecada com o King, comecei a ler On Writing no Kindle e estou lendo em paralelo um livro do filho do autor, Joe Hill. Quero me aventurar por outras obras, quem tiver alguma para indicar pode me avisar nos comentários! 
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





A Culpa é das Estrelas - John Green

segunda-feira, 16 de junho de 2014
E então eu dei o braço a torcer e decidi ler A Culpa é das Estrelas, o livro mais famoso e comentado do John Green. Logo nas primeiras páginas eu torci o nariz, porque a linguagem extremamente informal e excesso de gírias no início da narrativa me incomodaram. Mas aí algo mágico aconteceu, a história começou a me prender, e a narrativa engrenou. E podem falar que o John Green é superestimado, que é modinha, que existem mil outros autores melhores que ele no mundo... tem algo em sua escrita que me faz não querer parar de ler. Foi exatamente como "profetizado" na capa: eu ri, chorei, e terminei a leitura querendo muito mais!



A Culpa é das Estrelas conta a história de Hazel e Gus, um casal de adolescentes com câncer que descobrem um no outro uma razão para suportar os infortúnios da vida, a doença e os problemas. E sim, isso obviamente grita clichê em caps lock e pode soar bastante previsível, até. Mas, acredite, o que importa neste livro não é o rumo que a história toma, e sim o que você pode tirar dela. Com suas quotes inspiradas, profundas e, ao mesmo tempo, simples, sobre a vida, o livro do John Green dá aquele quentinho no coração que eu tanto amo em livros sem pegada fantástica-sobrenatural. Você se sente próximo dos personagens, e consegue criar uma empatia mesmo nunca tendo passado por situações parecidas. 

O que mais amei sem dúvida foram os insights sobre a vida e sua efemeridade. Aparentemente, um dos efeitos colaterais de se estar morrendo (e saber disso) é pensar muito sobre a vida. Assim, Gus e Hazel nos brindam com uma série de pensamentos interessantes, que, no mínimo, levam a uma reflexão. É daqueles tipos de livro que você precisa ler com um caderninho do lado para anotar as partes bacanas!



Se eu fosse resumir do que se trata a história de A Culpa é das Estrelas, não diria sequer que é "um livro sobre crianças com câncer", porque seria muito simplista. Na verdade, trata-se de um livro sobre o quanto a vida é efêmera, e sobre o que, de fato, faz com que nossas vidas valham a pena. Um ponto recorrente da narrativa é o esquecimento. Gus quer se tornar eterno, quer que seu nome perdure mesmo depois de sua morte, porque, para ele, o sentido da vida é fazer algo grandioso e importante. Mas, na verdade, não precisamos fazer tanto esforço para que nossa vida valha a pena. São as pequenas coisas e os momentos simples que acabam importando, no fim das contas.

Ler este livro foi um tapa simbólico na cara, porque eu tendo a ter esses ataques de megalomania de vez em quando, e começo a achar que oh-meu-deus-do-céu-eu-já-tenho-26-anos-e-o-que-eu-fiz-da-vida. A Culpa é das Estrelas me ajudou a enxergar que tudo bem se eu ainda não escrevi um livro mundialmente famoso nem fiz algo realmente grande, porque existem mil outras razões para a minha vida ter feito sentido até agora. Achei um conceito bacana de se passar para jovens que, muitas vezes, se sentem perdidos e não sabem que rumos suas vidas irão tomar.



Sobre o título (que eu adoro e acho que super faz sentido) o próprio John Green falou neste vídeo aqui, e eu concordo: tudo bem que a gente colhe o que planta, mas muitas vezes surgem intempéries durante o cultivo que fogem ao nosso controle e acabam prejudicando a colheita, se é que me entendem. Nem sempre as coisas boas ou ruins que nos acontecem são frutos de nossas escolhas. Em alguns casos, a culpa é puramente das estrelas, ou da sorte, ou do destino...

Fiz um vídeo falando um pouco sobre minhas impressões de leitura, e nele eu também conto o que achei da adaptação para os cinemas. Está imperdível!



E você, também se rendeu aos encantos de John Green? Tem outro livro do autor para me indicar?

Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





Mini-Pseudo-Entrevista com Tiago Morini + SORTEIO \o/

sexta-feira, 13 de junho de 2014
Depois que eu acabei de ler Uma Noite e Seis Semanas do Tiago Morini fiquei curiosa com algumas coisas. Eu não sei você, mas eu tenho mania de pensar sobre o processo de criação de um livro e sempre quero saber de detalhes. Deve ser mal de pseudo-escritora-frustrada, mas enfim. E aí que eu brinquei de entrevistadora e fiz algumas perguntas pro Morini. Como curti as respostas, resolvi compartilhar ;)



1- O seu livro parte de uma premissa bastante peculiar. Quando foi que você descobriu que essa ideia tão heterodoxa poderia dar samba? Você se inspirou em algo específico?



 É difícil contar sobre o processo de escrita e criação do livro, sem mencionar minha própria vida. Eu demorei pouco mais de um ano e meio para escrevê-lo, e durante esse tempo, muita coisa o influenciou, mas o que deu o pontapé inicial foi um relacionamento fracassado. Depois, a história foi-se construindo com base nas minhas dúvidas sobre relacionamentos, misturadas com minha formação acadêmica – sou graduado em Direito – e minhas convicções religiosas – ou falta delas, já que sou ateu –  Então, há muito de mim no livro, especialmente quando se trata do personagem Tomi Grainoi. Se me permite a confissão de um segredo, o nome “Tomi Grainoi” é um anagrama.   


2- A gente vê nas redes sociais você sempre muito engajado nas questões dos direitos das minorias, discutindo feminismo, direitos dos homossexuais e tudo o mais. E isso se nota em vários momentos do seu livro. Como escritor você acha importante levantar esses debates nos livros, ou acha que ficção é ficção e não tem por que misturá-la com os problemas da vida real?

Eu não consigo escrever, apenas para escrever, apenas para divertir. Eu gosto de mexer com a zona de conforto das pessoas, tirá-las nem que por alguns momentos de lá, e especialmente para tirar a mim mesmo da minha zona de conforto, mas definitivamente não tenho nada contra leitura de entretenimento. Eu leio, eu gosto, e é bom para relaxar, apenas não consigo escrever.



3- As duas personagens centrais de uma noite e seis semanas são um casal de lésbicas, mas eu sinto que poderiam ser qualquer casal, porque a meu ver não é exatamente uma história sobre homossexualidade. Você planejou desde o início que a trama girasse em torno de um casal de mulheres ou as personagens simplesmente ganharam vida própria enquanto você escrevia?

Inicialmente, a história seria apenas da Leila, não havia pensado nela dentro de um relacionamento, mas conforme a personalidade dela foi sendo revelada no processo de criação, de alguma forma, eu senti que ela precisava de alguém forte e sensível, ao mesmo tempo em que compreendesse o problema de ser mulher em um mundo machista, foi onde a Mariane apareceu. É estranho porque, ainda que seja ficção, eu não escolhi a sexualidade das personagens, é como se tivessem vida própria. Basicamente, casais homoafetivos são iguais aos heteroafetivos com o problema adicional do preconceito, e, embora a história do livro seja um pouco surreal, quanto À homossexualidade das personagens, é basicamente isso que eu quero que as pessoas enxerguem no livro. O que me deixou imensamente feliz, considerando que eu sou homem, hétero e ateu, é que muitos casais lésbicos adoraram o livro e as personagens, e muitos religiosos, também.

4- Todos sabem que publicar um livro independente é um desafio. Por que esta opção?



Eu diria que foi por opção dos outros (risos). Basicamente, as editoras querem que seus livros sejam lucrativos do ponto de vista financeiro – nada contra, já que o autor também quer que seu livro seja lucrativo – então, investir em uma aspirante a escritor com uma história polêmica pode não trazer os resultados esperados. Depois de muitos “nãos” resolvi que faria de forma independente, afinal, alguém tinha que acreditar no meu trabalho, e restei apenas eu para tal missão. Bem, por enquanto está dando tudo muito certo.  


5- Achei bem corajoso incluir a questão do fanatismo religioso na trama, deu o toque inusitado que a história precisava. Mas é uma questão bem polêmica, né? Nenhum religioso foi encher seu saco (nem tentou te exorcizar rs) por isso, não?

Eu achei interessante que recebi muito apoio de pessoas religiosas, especialmente no que condiz à visão da Leila sobre religião. Enquanto escrevia o livro, confesso que hesitei algumas vezes ao colocar o fanatismo religioso, mas isso estava já tão impregnado na minha ideia sobre o enredo que, ou eu colocava ou não escrevia o livro. No fim, foram pouco comentários ofensivos que recebi em razão disso. 

6- E o que todo mundo quer saber é: tem livro novo vindo por aí? Você tem planos de escrever uma continuação, ou então criar um livro novo que não tenha nada a ver com uma noite e seis semanas? 

Eu estou trabalhando – ou ao menos deveria estar – em dois spin-off da história de uma noite e seis semanas’: um sobre o Tomi, que será completamente fora do mundo de ‘uma noite e seis semanas’ e, ao mesmo tempo, sobre ela (— Hã?) Eu sei, as pessoas tem essa reação quando eu falo isso. Minha melhor explicação é: Assista ao filme “Barfly – Condenados pelo Vício, e depois leia “Hollywood” do Charles Bukowski. E outro sobre  uma personagem que aparece no final do livro.

O Morini também falou um pouquinho sobre o processo de publicar um livro de forma independente em seu (excelente) blog Um Livro Qualquer, clique aqui para ler.



E, bom, resolvi que tava pouco de Uma Noite e Seis Semanas aqui no blog, então vou fazer minha parte para construir um mundo melhor levar o livro para mais pessoas e sortear um exemplar! Eeeeee! Esse aqui é meu, mas o autor vai enviar o livro direto para o vencedor, com dedicatória si vous vouler

Fiz um vídeo falando um pouquinho mais sobre o sorteio, então assiste e aproveite para participar!




Recapitulando as regrinhas:

1- TEM QUE SER inscrito no meu canal ;)
2- Preencha o formulário com os seus dados
3- Sorteio válido para todo o território nacional

E é isso! Você tem até o dia 20 de julho para se inscrever, e logo, logo eu volto com o resultado. Faz figa, porque o prêmio é super bacana! \o/
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





Paper Passion, o perfume com cheiro de livro ♥

segunda-feira, 9 de junho de 2014
“The smell of a freshly printed book is the best smell in the world.”
Karl Lagerfeld



Que atire a primeira pedra quem nunca cheirou um livro novinho, assim que o comprou. Cheiro de livro é algo mágico e só quem é apaixonada por leitura entende este estranho “vício”. Para a felicidade dos cheiradores de livros anônimos, um ser iluminado um perfumista teve a brilhante ideia de “engarrafar” este cheirinho único e criou um perfume com aroma de livro: o Paper Passion.

A ideia é de que o Paper Passion faça com que a pessoa que o use sinta o mesmo conforto e prazer que experimenta no momento em que abre um livro novo e se entrega a tal leitura. O próprio perfume vem dentro de uma embalagem que é também um livro de capa dura, com miolo recortado no formato do frasco. Lindo de se ver!




O Paper Passion foi idealizado pela perfumista Geza Schoen e tem dedinho do estilista Karl Lagerfeld. Lagerfeld é notoriamente um amantes dos livros, tanto que considera o aroma de um livro recém-printado como o melhor aroma do mundo. Não é à toa que sua biblioteca particular causa inveja! (um beijo para quem acha que não dá para gostar de moda e ~futilidades~ e de livros ao mesmo tempo)

CHOREM na biblioteca de Lagerfeld!! 

Confesso que fiquei bem curiosa com este perfume, porque, convenhamos o cheiro de livro não é um aroma óbvio, então não sei o que esperar. Mas, uma coisa é certa: se algum dia eu conseguir pôr minhas belas mãozinhas em um frasco de Paper Passion, certamente borrifarei em todos os cantos do meu quarto, para ter a sensação de dormir dentro de uma biblioteca.

Não conheço nenhuma loja online brasileira que venda, infelizmente. Se alguém souber me avisa porque necessito disso na minha coleção de perfumes.

Alguém mais arriscaria? 
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





Vi e Amei: Malévola ♥

quinta-feira, 5 de junho de 2014
Sabe quando você vai ao cinema esperando uma coisa e se depara com outra completamente diferente, e muito melhor? Esta foi a minha reação ao assistir Malévola! Confesso que estava esperando assistir nas telas a mesma versão da história da Bela Adormecida, que todos nós conhecemos, só que vista sob o ponto de vista da vilã. Qual não foi a minha surpresa a ver o velho conto de fadas ser completamente subvertido e descobrir que, no fim das contas, a grande vilã nem era tão vilã assim!



Para começar, Malévola não é simplesmente malvada. No filme, ela é uma fada poderosíssima que acaba sofrendo uma grande traição e que, por isso, torna-se amarga e deseja vingança. Mas mesmo para fazer maldades ela não desce do salto, usa de sua inteligência, de sua determinação e de seus poderes para elaborar um plano aparentemente perfeito, tudo de um jeito muito carismático. Tanto que é impossível torcer contra ela! Não vou falar muito sobre o desenrolar da história para não dar spoiler, mas basta eu te dizer que nem tudo é o que parece no mundo dos contos de fada.

Algo que amei é que Malévola foge daquele maniqueísmo chato em que as mocinhas são simplesmente garotas chatas e as vilãs são malvadas gratuitamente, cometendo atrocidades por puro prazer. Malévola, a protagonista, não é nem mocinha bondosa, nem vilã cruel. Ou melhor, é um pouquinho das duas coisas. A anti-heroína perfeita de um filme que nos mostra que toda história tem dois lados.



Malévola é sombria, exagerada e, por vezes, difícil de se compreender. Mas é livre, independente e feliz à sua maneira. Inclusive, tem uma metáfora muito legal com a liberdade neste filme, pois Malévola precisa de suas asas para se sentir plena. Achei muito legal trazer à luz um pouco deste "lado negro". Afinal, nem todas as meninas se identificam com as princesas. Bem, eu, pelo menos, nunca me identifiquei com as donzelas perfeitinhas dos contos de fada.

E como lidar com o discurso girl power do filme? Fiquei bastante surpresa, porque é raro ver filmes da Disney em que ninguém se casa com ilustres desconhecidos, nem se apaixona perdidamente por um príncipe e com ele vive feliz para sempre. Tanto Malévola quanto a própria Aurora têm personalidade, sabem que existem amores mais profundos e verdadeiros do que os amores românticos e que nem sempre o "feliz para sempre" envolve príncipes encantados em cavalos brancos.


O filme é perfeito? Não, e passa longe disso. O roteiro é previsível, o final é extremamente corrido e pouco desenvolvido, vários detalhes não fizeram sentido para mim... enfim, existem mil falhas, mas nada disso diminuiu o meu amor. 

Fiz um vídeo listando 5 motivos para ver e amar Malévola, e vale a pena assistir!



Se você já assistiu ao filme, me conta nos comentários o que você achou. 
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





Book Haul de Maio: Compras e Recebidos do Mês

quarta-feira, 4 de junho de 2014
(Ou: A Becky Bloom literária ataca novamente! =O)


Maio foi um mês intenso quando o assunto foram livros. Chegou muita, mas MUITA coisa de parceria, e eu também dei a louca das compras e adquiri vários títulos novos para minha coleção. A única coisa que me falta agora é tempo para ler tudo isso, mas ok. \o/

Quer saber o que chegou por aqui nos últimos dias? Então assista ao vídeo do Book Haul:


Livros mencionados no vídeo:

- Chá de Sumiço 
- Eleanor & Park
- Um Teto Todo Seu
- Misery
- Os 3 livros da coleção Encantadas
- Fim
- Os Três
- O Caso Rembrandt
- Roleta Russa
- A Filha do Sangue
- Identidade Roubada
- Enquanto a Chuva Caía
- Caçadores de Tesouro
- O Diamante
- Incendeia-me
- Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?
- Uma Paixão por Cultura
- Uma Noite e Seis Semanas
- Garota Exemplar

Ufa! Obrigada às editoras Arqueiro, Novo Conceito, Aleph e Fundamento pela graça alcançada pelos livros enviados para resenha. Com certeza serão lidos e amados. :)

Espero que o vídeo tenha sido útil e divertido de assistir. Se inscreva no meu canal para assistir aos vídeos novos primeiro. ;)

Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





PH Poem a Day 3: Espelho

terça-feira, 3 de junho de 2014


Acordou de manhã e olhou-se no espelho. Mais por hábito do que por vaidade. Havia aprendido que tudo o que crescera ouvindo sobre os ideais de perfeição era mera falácia. Afinal, perfeição é um conceito abstrato e até um pouco cruel.

Quando era mais jovem, mais boba e mais inexperiente, cobrava mais de si. Todas as partes do corpo que ficassem expostas deviam necessariamente estar perfeitas, senão, ficavam escondidas sob camadas e mais camadas de roupas. Não se permitia falhar em cumprir objetivo algum, mesmo que fosse algo simples, como um trabalho de faculdade. A miss perfeitinha precisava ter sempre opinião sobre tudo, e não admitia estar errada. Sim, era uma tarefa trabalhosa.



Felizmente esses tempos ficaram para trás, em um passado que parece mais distante em suas lembranças do que no calendário em si. Hoje, o espelho já não é um inimigo pronto a apontar um dedo imaginário para os pequenos defeitos, e sim um companheiro que ajuda a enxergar as qualidades e os pontos fortes.

Este texto faz parte do projeto PH Poem a Day, criado pela Vanessa Chanice. O tema de hoje é Espelho. :)
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





PH Poem a Day 2: O Céu de Hoje

segunda-feira, 2 de junho de 2014


O céu hoje acordou cinzento e chuvoso. Fato incomum no Rio de Janeiro, mesmo nestas manhãs frias de outono. O tipo de dia que pede um bom café, um livro e um cobertor. O tipo de dia perfeito para quem escreve, porque, afinal, quem consegue criar coisas bonitas ou histórias instigantes derretendo sob o sol?

Hoje os formatos das nuvens não pareciam formar carneirinhos, nem outros bichinhos fofos. Este é um privilégio dos dias azuis, e renegados aos dias cinzas. Uma injustiça, se quer minha opinião. Nada mais inspirador do que o céu encoberto, misterioso, e enigmático, que mais esconde do que revela e deixa a magia a cargo dos que têm imaginação fértil. 

Talvez a inspiração, no fundo, não seja uma musa como romanticamente se imagina, e sim os pequenos detalhes do mundo ao nosso redor, como as nuvens marotas que pontilham o céu nessas manhãs de outono. 



Este texto faz parte do projeto PH Poem a Day, criado pela Vanessa Chanice. O tema de hoje é O Céu de Hoje. :)
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





Vi e Amei: Praia do Futuro

"Eu não fugi, eu apenas voltei para casa.
Um lugar em que eu não precise me esconder para me sentir em paz
E não precise mergulhar para ser livre"

Desde que eu li uma frase da Florbela Espanca na contracapa de um livro aleatório em uma livraria, eu fiquei fascinada com a ideia de me perder para então me encontrar. E qual não foi minha surpresa quando, anos depois, me deparei com este mesmo conceito no filme Praia do Futuro, um filme tão bonito que muito me choca que ele só tenha "virado notícia" por trazer cenas quentes protagonizadas por um casal homossexual.



No longa, Donato, interpretado pelo Wagner Moura, é um salva-vidas homossexual, que precisa se esconder frequentemente sob uma aura de virilidade que normalmente se espera de pessoas desta profissão, e somente quando está dentro d'água se sente realmente livre. Seu mundo vira de ponta-cabeça quando conhece Konrad, um turista alemão que está de passagem. Os dois acabam se relacionando, o que culmina na partida de Donato para a Alemanha, para nunca mais voltar, pois lá ele se sente livre e pode ser ele mesmo sem ter que lidar com julgamentos alheios e preconceitos. Não é que ele tenha fugido, apenas encontrou o seu lugar.

O filme é de uma sutileza absurda. Entre metáforas com o mar, com a fuga e com super-heróis, ele passa a sua mensagem de forma clara e extremamente bonita, quase poética, eu diria. Daqueles filmes que te surpreendem e, mesmo após ter saído do cinema, continua refletindo, e refletindo, e refletindo sobre o que a história diz.

Não tão sutis são as cenas de sexo entre Konrad e Donato. Sem censura, as cenas são bastante explícitas. Porém, todas as cenas são contextualizadas, nota-se claramente que elas não estão ali com o intuito de chocar pura e simplesmente, mas sim que se faziam necessárias à trama. 

O problema que os conservadores encontraram nestas cenas não foram as cenas em si, mas o fato de acontecerem com dois personagens do mesmo sexo. A alegação é que as cenas "ferem a moral e os bons costumes", mas no meu mundinho isso aí tem outro nome: preconceito. Inclusive, se fossem protagonizadas por um casal hétero, estas cenas provavelmente passariam despercebidas.

Isso é mega irônico, porque era justamente deste preconceito, desta homofobia, desta mania de julgar os outros com base em sua orientação sexual que o personagem Donato foge no filme. Creio eu que a ideia fosse levar à reflexão sobre o quão prejudicial e retrógrado é este comportamento. E, adivinhem, são justamente estas pessoas retrógradas e homofóbicas que têm alardeado besteiras sobre o filme e abandonado as salas de cinema com a desculpa de que "não são obrigadas a ver cena de sexo gay". 



Para não me alongar muito no assunto, deixo aqui o vídeo que fiz falando um pouco do que eu acho da polêmica em torno do filme.
  

Enfim, polêmicas à parte, Praia do Futuro é um filme excelente e com certeza vale a pena assistir! Abra a sua mente, não se deixa escandalizar pelas cenas de sexo e reflita sobre a mensagem do filme. ;)

Se você já viu, me conta aí o que achou! 
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





PH Poem a Day 1: Auto Retrato

domingo, 1 de junho de 2014


“Eu poderia falar de mim por horas e, ainda assim, seria um resumo”

Sou uma pessoa que gosta de escrever sobre aquilo que vê. Admiro os escritores de fantasia e de ficção, que fazem tão bem o trabalho de transportar o leitor para outras realidades, e escapar, ainda que por uns instantes, do tédio cotidiano. Mas isso simplesmente não é a minha praia. Não tenho talento, nem mesmo vontade. Eu escrevo sobre o que me rodeia. 

Outra grande verdade sobre mim é que eu gosto de quebrar estereótipos. Pouco me interessa respeitar um padrão ou ser fiel a um único estilo. As pessoas me olham com estranheza, porque eu consigo sair na rua de saia curta, beber, falar de sexo e de assuntos polêmicos e, ao mesmo tempo, ser aquela que tem sempre um livro debaixo do braço, com a maior naturalidade, pois, no meu mundo, essas não são coisas excludentes. Aliás, no meu mundo, poucas coisas são realmente excludentes, se você quer saber. Faço o que quero, quando quero. 

Eu gosto do intenso, do inusitado, do incomum. A burocracia me enjoa e a rotina me entedia. Preciso estar sempre em movimento para me sentir em paz. Poucas coisas me seduzem mais do que a ideia de liberdade, e não é à toa que eu quero tatuar sobre a clavícula there’s a bluebird in my heart that wants to get out



Porque no fim das contas, também é por isso que eu escrevo. Para voar livre por aí, para onde as palavras me carregarem.


Este texto faz parte do projeto PH Poem a Day, criado pela Vanessa Chanice. O tema de hoje é Auto Retrato. :)
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.





Resultado do Sorteio de Suicidas



E que rufem os tambores! Finalmente fiz o sorteio de Suicidas autografado pelo autor. E olha só o resultado:




Parabéns, Franciele! \o/

Para saber de mais detalhes, assista ao vídeo do resultado:




Quem não ganhou, não fique triste porque em breve sortearei outro livro que eu amo!

Obrigada por participar ;)
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.
 
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