Vi e Amei: Praia do Futuro

segunda-feira, 2 de junho de 2014
"Eu não fugi, eu apenas voltei para casa.
Um lugar em que eu não precise me esconder para me sentir em paz
E não precise mergulhar para ser livre"

Desde que eu li uma frase da Florbela Espanca na contracapa de um livro aleatório em uma livraria, eu fiquei fascinada com a ideia de me perder para então me encontrar. E qual não foi minha surpresa quando, anos depois, me deparei com este mesmo conceito no filme Praia do Futuro, um filme tão bonito que muito me choca que ele só tenha "virado notícia" por trazer cenas quentes protagonizadas por um casal homossexual.



No longa, Donato, interpretado pelo Wagner Moura, é um salva-vidas homossexual, que precisa se esconder frequentemente sob uma aura de virilidade que normalmente se espera de pessoas desta profissão, e somente quando está dentro d'água se sente realmente livre. Seu mundo vira de ponta-cabeça quando conhece Konrad, um turista alemão que está de passagem. Os dois acabam se relacionando, o que culmina na partida de Donato para a Alemanha, para nunca mais voltar, pois lá ele se sente livre e pode ser ele mesmo sem ter que lidar com julgamentos alheios e preconceitos. Não é que ele tenha fugido, apenas encontrou o seu lugar.

O filme é de uma sutileza absurda. Entre metáforas com o mar, com a fuga e com super-heróis, ele passa a sua mensagem de forma clara e extremamente bonita, quase poética, eu diria. Daqueles filmes que te surpreendem e, mesmo após ter saído do cinema, continua refletindo, e refletindo, e refletindo sobre o que a história diz.

Não tão sutis são as cenas de sexo entre Konrad e Donato. Sem censura, as cenas são bastante explícitas. Porém, todas as cenas são contextualizadas, nota-se claramente que elas não estão ali com o intuito de chocar pura e simplesmente, mas sim que se faziam necessárias à trama. 

O problema que os conservadores encontraram nestas cenas não foram as cenas em si, mas o fato de acontecerem com dois personagens do mesmo sexo. A alegação é que as cenas "ferem a moral e os bons costumes", mas no meu mundinho isso aí tem outro nome: preconceito. Inclusive, se fossem protagonizadas por um casal hétero, estas cenas provavelmente passariam despercebidas.

Isso é mega irônico, porque era justamente deste preconceito, desta homofobia, desta mania de julgar os outros com base em sua orientação sexual que o personagem Donato foge no filme. Creio eu que a ideia fosse levar à reflexão sobre o quão prejudicial e retrógrado é este comportamento. E, adivinhem, são justamente estas pessoas retrógradas e homofóbicas que têm alardeado besteiras sobre o filme e abandonado as salas de cinema com a desculpa de que "não são obrigadas a ver cena de sexo gay". 



Para não me alongar muito no assunto, deixo aqui o vídeo que fiz falando um pouco do que eu acho da polêmica em torno do filme.
  

Enfim, polêmicas à parte, Praia do Futuro é um filme excelente e com certeza vale a pena assistir! Abra a sua mente, não se deixa escandalizar pelas cenas de sexo e reflita sobre a mensagem do filme. ;)

Se você já viu, me conta aí o que achou! 
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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