Depois que eu acabei de ler Uma Noite e Seis Semanas do Tiago Morini fiquei curiosa com algumas coisas. Eu não sei você, mas eu tenho mania de pensar sobre o processo de criação de um livro e sempre quero saber de detalhes. Deve ser mal de pseudo-escritora-frustrada, mas enfim. E aí que eu brinquei de entrevistadora e fiz algumas perguntas pro Morini. Como curti as respostas, resolvi compartilhar ;)
1- O seu
livro parte de uma premissa bastante peculiar. Quando foi que você descobriu
que essa ideia tão heterodoxa poderia dar samba? Você se inspirou em algo
específico?
É
difícil contar sobre o processo de escrita e criação do livro, sem mencionar
minha própria vida. Eu demorei pouco mais de um ano e meio para escrevê-lo, e
durante esse tempo, muita coisa o influenciou, mas o que deu o pontapé inicial
foi um relacionamento fracassado. Depois, a história foi-se construindo com
base nas minhas dúvidas sobre relacionamentos, misturadas com minha formação
acadêmica – sou graduado em Direito – e minhas convicções religiosas – ou falta
delas, já que sou ateu – Então, há muito
de mim no livro, especialmente quando se trata do personagem Tomi Grainoi. Se
me permite a confissão de um segredo, o nome “Tomi Grainoi” é um anagrama.
2- A gente vê nas redes sociais você sempre muito engajado nas questões dos
direitos das minorias, discutindo feminismo, direitos dos homossexuais e tudo o
mais. E isso se nota em vários momentos do seu livro. Como escritor você acha
importante levantar esses debates nos livros, ou acha que ficção é ficção e não
tem por que misturá-la com os problemas da vida real?
Eu não consigo escrever, apenas para
escrever, apenas para divertir. Eu gosto de mexer com a zona de conforto das
pessoas, tirá-las nem que por alguns momentos de lá, e especialmente para tirar
a mim mesmo da minha zona de conforto, mas definitivamente não tenho nada
contra leitura de entretenimento. Eu leio, eu gosto, e é bom para relaxar, apenas
não consigo escrever.
3- As duas personagens centrais de uma noite e seis semanas são um casal de
lésbicas, mas eu sinto que poderiam ser qualquer casal, porque a meu ver não é
exatamente uma história sobre homossexualidade. Você planejou desde o início
que a trama girasse em torno de um casal de mulheres ou as personagens
simplesmente ganharam vida própria enquanto você escrevia?
Inicialmente, a história seria apenas da
Leila, não havia pensado nela dentro de um relacionamento, mas conforme a
personalidade dela foi sendo revelada no processo de criação, de alguma forma,
eu senti que ela precisava de alguém forte e sensível, ao mesmo tempo em que compreendesse
o problema de ser mulher em um mundo machista, foi onde a Mariane apareceu. É
estranho porque, ainda que seja ficção, eu não escolhi a sexualidade das
personagens, é como se tivessem vida própria. Basicamente, casais homoafetivos
são iguais aos heteroafetivos com o problema adicional do preconceito, e,
embora a história do livro seja um pouco surreal, quanto À homossexualidade das
personagens, é basicamente isso que eu quero que as pessoas enxerguem no livro.
O que me deixou imensamente feliz, considerando que eu sou homem, hétero e
ateu, é que muitos casais lésbicos adoraram o livro e as personagens, e muitos
religiosos, também.
4- Todos sabem que publicar um livro independente é um desafio. Por que esta
opção?
Eu diria que foi por opção dos outros (risos). Basicamente, as editoras
querem que seus livros sejam lucrativos do ponto de vista financeiro – nada
contra, já que o autor também quer que seu livro seja lucrativo – então,
investir em uma aspirante a escritor com uma história polêmica pode não trazer
os resultados esperados. Depois de muitos “nãos” resolvi que faria de forma
independente, afinal, alguém tinha que acreditar no meu trabalho, e restei
apenas eu para tal missão. Bem, por enquanto está dando tudo muito certo.
5- Achei bem corajoso incluir a questão do fanatismo religioso na trama, deu o
toque inusitado que a história precisava. Mas é uma questão bem polêmica, né?
Nenhum religioso foi encher seu saco (nem tentou te exorcizar rs) por isso,
não?
Eu achei interessante que recebi muito apoio
de pessoas religiosas, especialmente no que condiz à visão da Leila sobre
religião. Enquanto escrevia o livro, confesso que hesitei algumas vezes ao
colocar o fanatismo religioso, mas isso estava já tão impregnado na minha ideia
sobre o enredo que, ou eu colocava ou não escrevia o livro. No fim, foram pouco
comentários ofensivos que recebi em razão disso.
6- E o que
todo mundo quer saber é: tem livro novo vindo por aí? Você tem planos de
escrever uma continuação, ou então criar um livro novo que não tenha nada a ver
com uma noite e seis semanas?
Eu estou trabalhando – ou ao menos deveria estar – em dois spin-off da história de uma noite e seis semanas’: um sobre o
Tomi, que será completamente fora do mundo de ‘uma noite e seis semanas’ e, ao
mesmo tempo, sobre ela (— Hã?) Eu
sei, as pessoas tem essa reação quando eu falo isso. Minha melhor explicação é:
Assista ao filme “Barfly – Condenados pelo Vício, e depois leia “Hollywood” do
Charles Bukowski. E outro sobre uma
personagem que aparece no final do livro.
O Morini também falou um pouquinho sobre o processo de publicar um livro de forma independente em seu (excelente) blog Um Livro Qualquer, clique aqui para ler.
E, bom, resolvi que tava pouco de Uma Noite e Seis Semanas aqui no blog, então vou fazer minha parte para construir um mundo melhor levar o livro para mais pessoas e sortear um exemplar! Eeeeee! Esse aqui é meu, mas o autor vai enviar o livro direto para o vencedor, com dedicatória si vous vouler.
Fiz um vídeo falando um pouquinho mais sobre o sorteio, então assiste e aproveite para participar!
Recapitulando as regrinhas:
1- TEM QUE SER inscrito no meu canal ;)
2- Preencha o formulário com os seus dados
3- Sorteio válido para todo o território nacional
E é isso! Você tem até o dia 20 de julho para se inscrever, e logo, logo eu volto com o resultado. Faz figa, porque o prêmio é super bacana! \o/
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