Vi e amei: Grandes Olhos

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Eu sou muito muito muito fã do Tim Burton e, portanto, me empolguei super para assistir a Grandes Olhos no cinema. E preciso falar que, apesar de ele não ter absolutamente nada a ver com as demais obras de Burton, é um ótimo filme!



O filme é baseado em fatos reais dos anos 50, e conta a história Margaret Keane, uma talentosa pintora que criava quadros famosos no mundo todo e cuja característica principal era o destaque para os grandes olhos retratados nas pinturas. Apesar de ser uma artista promissora, Margaret acabou deixando que seu marido, Walter Keane, assinasse os quadros e levasse os créditos, o que a frustrava imensamente. 

Tudo ia bem, ela pintava e ele os vendia graças ao seu estupendo talento para os negócios. Mas tudo muda quando Margaret resolve deixar de ser trouxa boazinha e, antes tarde do que nunca, opta por finalmente assumir a autoria dos famosos Grandes Olhos. No fim das contas, os Keane viviam uma grande mentira e, quando ela veio à tona, se tornou uma das maiores fraudes do mundo da arte. 

A verdadeira Margaret Keane

Ao longo da narrativa, eu senti uma certa crítica implícita a artistas de veia mais comercial, como Andy Warhol ou, para citar um exemplo mais recente, Romero Britto, cujas obras são desprezadas por muitos e, ainda assim, são tão conhecidas que estampam milhares de objetos, de roupas até itens de decoração. Inclusive há várias referências a Warhol no longa, e achei interessante esta intertextualidade, por assim dizer. 

Outra coisa que achei muito legal neste filme é a discussão sobre a diferença entre ser um artista e fazer seu marketing pessoal como artista. Uma coisa que eu super admiro em alguns artistas (sejam cantores, pintores, escritores ou whatever) é a arte de saber vender seu peixe, mesmo que o peixe em questão não seja exatamente o mais fresco e saboroso da peixaria. Para mim, ser um artista envolve dois talentos: o talento para a arte que ele se propõe a fazer, e o talento de ganhar dinheiro e notoriedade com sua arte, o que, note bem, são duas coisas bem distintas e a maioria das pessoas não tem a capacidade de fazer ambos ao mesmo tempo. É por isso que a gente vê escritor que não escreve tão bem assim vender horrores, e não devemos tirar o seu mérito de ser um grande marketeiro do seu próprio trabalho.

Para finalizar minhas impressões totalmente aleatórias sobre o filme, não consegui deixar de lembrar do livro mais lido e xerocado e estudado à exaustão na faculdade: A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica, de Walter Benjamin. Sério, acho que em todo período eu tinha pelo menos uma disciplina em que a leitura deste artigo era recomendada. E esta discussão sobre a transformação da arte em mercadoria tem tudo a ver com a reflexão proposta no filme de Burton. 

Ainda está em cartaz, e eu se fosse você não perdia tempo e ia assistir. Dá só uma olhada no trailer:




Também existe um livro sobre este caso, chamado Citizen Keane: The Big Lies Behind the Big Eyes. Como eu me interessei muito pela história e quero saber mais sobre Margaret Keane, ele já está no Kindle. Vamos ver se é bom, né?

Enfim, recomendo demais o filme, só não vá esperando um clássico de Tim Burton, porque Grandes Olhos é bem atípico. Alguém mais já viu?
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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