A mulher da capa de revista

sábado, 24 de agosto de 2013
Eu não sei se já falei isso aqui, mas sempre detestei revistas femininas. Não sabia exatamente o porquê, apenas eram um tipo de leitura que não me atraía. Li a Capricho longos anos atrás, lá pelos quatorze, mas logo deixei de lado. Achava o discurso idiotizante, por assim dizer (na época eu ainda não sabia que ela era machista, porque na época eu também não sabia que era feminista. Mas isso é outro assunto).  E a primeira vez em que comprei uma revista de "mulher adulta" foi aos 23 anos, porque a Marie Claire estava dando miniaturas de perfumes O Boticário, que eu queria colecionar.

Recentemente, parei para pensar em por que este tipo de revista não me interessa, sendo eu uma pessoa que lê de (quase) tudo, e cheguei à conclusão de que eu não gosto de revistas femininas porque não me identifico com elas, com suas pautas, com seus padrões. Simples assim. Eu não sou a mulher da capa da revista, logo, grande parte dos assuntos que recheiam suas páginas me são indiferentes.

Eu nunca segui um padrão. E nem era por questões de ideologia nem nada, era inerente à minha personalidade. Sempre fiz questão de ser muito autêntica aos meus gostos, aos meus desejos. Isso me fazia sentir livre, sabe como é. E também me distanciava daquela imagem idealizada da mulher, que não fala palavrão, que senta com as pernas fechadas, que não abre mão de grifes e roupas chiquérrimas cujas marcas eu nem sei pronunciar. Sobretudo, que é uma diva 24/7, e que a beleza é seu "dom" mais importante, qualidade que deve ser perseguida e preservada, custe o que custar. Me parecia irreal ler matérias "me ensinando" como me comportar, como me vestir, como fazer sexo, qual cor de batom ou esmalte usar. 

Capa no melhor estilo: encontre os erros. Com o plus de ter a Marina-Machista Ruy Barbosa


Para mim, nunca fez sentido algum ver milhares de páginas de editoriais de moda, matérias com "dicas de look para o trabalho", "dicas de look para a balada", "dicas de look para a academia", porque sou a pessoa mais desencanada ever com isso. Simplesmente porque, na minha cabeça, duas coisas importam na hora de comprar roupas: 1- se eu acho bonitas, e 2- se são confortáveis. E só. Não tenho uma fração do meu armário dedicada para cada ocasião, muitas vezes minhas roupas vão do trabalho à noitada, e estou feliz assim. 

É claro que eu dou valor à minha aparência, que eu gosto de cosméticos, de maquiagem, de me sentir bonita. Seria hipócrita dizer que eu eu cago para isso tudo, porque fica evidente "folheando" meu blog. A diferença é que a minha concepção do que é ser bonita é minha! Podem dizer que meu cabelo tem cara de cabelo esticado, que não gostaram do meu sapato, ou que tal batom não combina com meu tom de pele. Se quiser usar, minha amiga, eu vou usar. A palavra final sobre o meu corpo, meu comportamento e minhas ações é sempre minha. Você pode chamar de egocentrismo. Eu prefiro chamar de amor próprio. 

E é por isso que eu gosto dos blogs. Porque eles permitem a pluralidade. Como são autoras diferentes, que não estão presas a uma linha editorial, é mais fácil eu encontrar meu nicho, encontrar aquelas com que mais me identifico. Dos blogs de moda e de look do dia, por exemplo, eu passo longe, porque não é um assunto que me atrai at all. Assim como dos blogs de riquinhas AAA, não por ~recalque~ (palavrinha do século, beijo!) mas porque é fora da minha realidade. Assim, consigo me inspirar não com um padrão pré-estabelecido, mas com alguém de carne e osso, com gostos semelhantes aos meus. 

É claro que existem blogs que querem te enfiar um padrão goela abaixo por motivos de: jabá, mas aí já vira uma questão de senso crítico, de saber que você não precisa daquele batom azul-piscina só porque a Blogueira X falou, não é mesmo? Pelo menos, na internet, a gente tem a opção de escolher. :)
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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