O que eu achei de Menino de Ouro

sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Quando o assunto é literatura, eu devo admitir que 2013 está sendo surpreendente! Pelo menos um livro por mês ganha meu coração, e o queridinho da vez (e quiçá do ano. e quiçá da vida) é Menino de Ouro, da Abigail Tarttelin. Recebi este livro da parceira Globo Livros e já sabia que ia amar desde que li a sinopse. Só não tinha ideia de que eu ia amar tanto! 



Menino de Ouro


A premissa é muito, mas muito original!  O livro gira em torno de Max Walker, que é considerado o menino de ouro: é bom nos esportes, tira notas boas, é legal com a família, os amigos e até o irmãozinho, é super disputado pelas meninas do colégio, é educado e gentil... enfim, o queridinho da galera. Porém, ele esconde um segredo. Max Walker é intersexual. Isso significa que ele possui genitália masculina e feminina. Trocando em miúdos, Max não é um menino. Também não é uma menina. É os dois! Este fato já seria surpreendente por si só, mas Abigail Tarttelin foi capaz de construir uma história incrível e dramática para Max.

A intersexualidade do adolescente nunca havia sido um problema, até que algo grande, sombrio e inesperado acontece e muda o rumo de sua vida. A partir deste marco, Max começa a repensar a sua vida, seus valores, sua sexualidade, seus sentimentos. E é isso que torna o livro tão humano, tão verossímil, e tão real.

A narrativa é dividida entre seis narradores, cada um deles narrando um capítulo: Max, seu irmãozinho Daniel, sua namorada Sylvie, sua mãe, seu pai e sua médica. Todos os personagens narram em primeira pessoa e, sem exceção, falam exclusivamente sobre Max. É como se a mesma história fosse sendo contada sob pontos de vista muito diferentes, e, do jeito como a narrativa foi construída, é possível entender como é conviver com um intersexual sob a ótima de todos eles. Apesar de o foco se concentrar em Max o tempo todo, não fica nada repetitivo, isso porque a autora escreveu maestralmente, de um jeito que não dá vontade de parar de ler.

Os personagens são muito bem elaborados, todos têm background e dá para entender direitinho o motivo de suas ações. Depois de um tempo, já não é mais necessário olhar o nome do personagem que está narrando no início de cada capítulo, pois o leitor passa a reconhecê-los automaticamente. Eles têm vida própria e ganham força a cada página.

Até onde o sexo define você? 


O que eu mais amei em Menino de Ouro foi o fato de abordar papéis de gênero. A narrativa traz, o tempo todo, a seguinte pergunta: até que ponto o sexo/gênero define quem somos? Por que, afinal, precisamos ser ou menino ou menina, e não podemos gostar de coisas normalmente direcionadas para o sexo oposto? Vou deixar de ser mulher porque gosto de jogar video-game, porque falo palavrão, porque não leio somente livros ~de mulherzinha~ e nem revistas femininas? E, ao contrário, um homem que chora vendo comédias românticas, é menos homem do que o machão que só assiste a filmes de porrada? São questões que ficam na cabeça do leitor durante a leitura.

Minha quote preferida do livro, inclusive, foi a seguinte: "Você não deixa de ser mulher só porque gosta de ser a única que mete, nem deixa de ser um cara só porque gosta de receber". O sexo não define o que somos, nossa essência, o que faz de nós seres humanos únicos.

Eu, que acho que praticamente tudo na vida é unissex, muito me interessei pela história de Max, e também adorei saber um pouco mais sobre os intersexuais, que eu admito com certa vergonha que desconhecia completamente até então.

Considerações finais


Adorei Menino de Ouro e certamente ele entrará no pódio dos melhores livros de 2013. Contudo, não é um livro que eu indicaria para todo mundo. É uma história densa, que por vezes chega a ficar bem pesada, e é tão humanamente real que dá arrepios. Indicaria principalmente para quem não tem medo de mudar de opinião, que está aberto ao novo, que gosta de "assuntos sérios" sendo abordados na literatura e para quem flerta com essas discussões sobre gênero, sexualidade e outros bichos. 

Não tem jeito, eu escrevo, escrevo, e nunca acho que consegui transmitir tudo o que achei do livro em palavras. Sugiro assistir ao meu vídeo sobre Menino de Ouro, que está imperdível. Aproveita e se inscreve logo no meu canal, viu?




E é isso, recomendo DEMAIS Menino de Ouro e super acho que você deveria parar tudo o que está fazendo agora e ir ler este livro. ;)

Disclaimer: Este livro foi enviado pela editora para resenha. Tudo o que foi exposto neste artigo é baseado em minha opinião sincera e não recebo nenhum tipo de compensação para escrever o post.
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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