Quando eu tinha doze anos, participei de um concurso promovido por um site voltado para adolescentes. O desafio era simples: eles forneciam um parágrafo de texto e os participantes deveriam desenvolver a história a partir dali. Mamão com açúcar para quem tinha uma imaginação fértil e amava inventar histórias.
Eu não me recordo mais do mote, sei apenas que era algo envolvendo suspense, mas lembro muito bem que eu fiquei mega entusiasmada de participar, porque o que a pessoa tinha de pequena também tinha de narcisista, e jamais perderia a chance de mostrar para as outras pessoas o que eu sabia fazer melhor. Lembre-se de que, naquela época, não existiam blogs e mídias sociais, e a internet estava engatinhando, não era tão fácil divulgar conteúdo próprio na rede.
Apenas uns gatinhos pingados participaram do concurso: além do meu, tinham mais três textos, todos curtíssimos, e fraquíssimos, com tantas pontas soltas que daria para enrolar tudo e fazer um novelo. Ganhei. E com uma vantagem altíssima, papo de cinco vezes mais votos do que o segundo colocado.
O prêmio era um livro, claro. Espumas flutuantes. Não me animou muito, como grande fã de clássicos brasileiros que nunca fui. Mas a perspectiva de ganhar de presente um livro novinho, em casa, me deixou feliz porque, afinal, ainda não o havia lido. Como não li até hoje, aliás, visto que nunca recebi.
Veja só que irônico! Com doze anos eu descobri, ao mesmo tempo, duas verdades da vida: que eu sabia escrever e que escritores, no Brasil, nunca são levados a sério.
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