Oh oh oh, Life is good

sexta-feira, 19 de junho de 2015
(Para ler ao som de Fairy Tale, do Shaman)


Desde o fim do ano passado andava estranha, com uma melancolia que não tinha razão de ser, uma angústia escondida em algum lugar tão profundo que eu não conseguia expulsar de jeito nenhum. Dormia e acordava ansiosa, tensa, esperando por alguma notícia ruim, que nem eu mesma saberia dizer qual era. 

E aí que no fim de semana seguinte a uma semana particularmente difícil, com estresse demais e horas de sono de menos, tive uma epifania das mais inesperadas. Andava nas ruas do Humaitá meio sem rumo, meio sem hora para voltar. Um solzinho tímido e a gostosa sensação de não conhecer muito bem aquelas ruas embalavam minha manhã. Eu não sabia dizer o porquê, mas, subitamente, me dei conta de que estava feliz, por nada. E por mais bizarro que isso pareça, não reconheci a sensação de primeira.  Ela me causou estranheza, provavelmente devido à longa ausência deste sentimento em mim. 


Naquele dia especificamente, tudo pareceu um pouco mais bonito aos meus olhos. Era tudo igual e, ao mesmo tempo, tinha mudado. As cores da cidade estavam mais vivas, e as coisas que normalmente me irritam se tornaram indiferentes. 

Normalmente meus sábados são cheios de compromissos, com hora marcada para tudo e mil pepinos para resolver. Não consigo relaxar, porque fico com peso na consciência de não usar meu único dia livre para colocar todas as pendências em dia. Naquele, foi diferente. Me permiti desacelerar, esvaziar a mente, e simplesmente aproveitar o momento.

Naquele sábado especial, fiz várias coisinhas fora do cronograma, e acabei tendo pequenas surpresas. Fui a uma loja de produtos naturais que ainda não conhecia, e senti vontade de só comer coisas saudáveis para sempre.  Encontrei uma feira orgânica por coincidência e consegui comprar alimentos vivos, para fazer suco verde, para esverdear meus pratinhos da semana, para ter certeza de que não vou ingerir nenhum veneno.

E, quer saber? Foi muito bom ter de novo a sensação de viver despretensiosamente, preguiçosamente, sem a tensão que pairava sobre mim todo santo dia, o dia inteiro, nos últimos oito meses. 

Não vai durar para sempre, como nada no mundo, mas, naquele momento, tive a certeza de que viver vale a pena e que ainda tem tanta coisa a ser feita. Mas não tem pressa. Apesar de tudo, ainda sou tão jovem...


Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

0 comentários:

Postar um comentário

 
© Blog Colecionando Prosas - Março/2017. Todos os direitos reservados.
Criado por: Maidy Lacerda Tecnologia do Blogger.
imagem-logo