Sobre slut-shaming e declarações infelizes

sábado, 15 de junho de 2013
Há alguns dias a Marina Ruy Barbosa apareceu por aí dando declarações infelizes sobre “mulheres rodadas não conseguirem atrair homens decentes” e outras pérolas. Sinceramente, nem dou trela para estas jovens atrizes porque, em geral, para uma sensata há 9 alienadas que só sabem do mundo aquilo que o papai e a mamãe contam. Enfim, ignorei os comentários da moça, até porque eu também já tive a idade dela e também já falei muita besteira, com a pequena diferença que as besteiras que eu falava não eram ouvidas em rede nacional. Por sinal, nunca achei que um dia eu iria admirar a Nana Gouvêa, mas ela arrasou rebatendo as declarações da Marina

Mas eu fico meio abismada de ver mulheres na casa dos vinte anos mergulhadas em conservadorismo. Porque, sim, apoiar esta ideia retrógrada de “mulheres de respeito x mulheres da vida” é tão antiquado que até me faltam palavras para descrever.



E olha, até acho que todo o mundo tem direito a ter sua própria opinião, ainda que eu não concorde. Democracia é isso, liberdade de expressão é isso. Só que, quando você é uma pessoa pública tem que tomar cuidados redobrados na hora de se posicionar acerca de assuntos “polêmicos” porque querendo ou não você é formadora de opinião, você influencia outras pessoas. E, sem querer, pode acabar contribuindo para a disseminação de ideias não tão legais. 

Sei não, mas me parece, no mínimo, perigoso, reforçar indiretamente a ideia de que as mulheres precisam ser “decentes” (leia-se: não serem livres para fazerem o que bem entendem) para ter valor na sociedade. Porque aí pode começar a parecer normal chamar a coleguinha de colégio que ficou com dois garotos na festinha de “galinha” ou coisas piores. E espalhar boatos sobre a menina “mal-falada” da turma, acabando com a sua auto-estima. E aprendemos desde cedo a praticar o slut-shaming* e a cercear o comportamento das mulheres.









É claro que ela não disse, literalmente, que apoiava o slut-shaming. Mas, indiretamente, pensar e apoiar este pensamento besta de que mulheres só têm valor se forem puras e castas dá margem para esta interpretação. E, em pleno século XXI, tal comportamento me parece não só anacrônico, mas também incoerente e injusto, visto que dos homens nunca se espera um comportamento puro e casto. 

E, olha, isso ficou como dica para mim, que tenho uma certa "credibilidade" na internet e pretendo escrever profissionalmente num futuro próximo: pensar cinquenta vezes antes de postar qualquer coisa nas redes sociais, porque o que o google indexa não sai nunca mais da internet, mesmo que você mude de opinião sobre o assunto em questão. E quando a gente trabalha vendendo sonhos e fantasias, é fundamental cuidar de nossa imagem para não nos queimarmos à toa.


*Segundo a Wikipedia, slut shaming é o termo usado para definir o ato de fazer as mulheres se sentirem culpadas ou inferiores por causa de seu comportamento sexual. 
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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