Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente

segunda-feira, 18 de maio de 2015
E aí que eu finalmente li Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente, da autora Luisa Geisler, que eu já tinha vontade de ler há um tempinho. Calhou de este ser o livro escolhido para o segundo debate Leia Mulheres da Blooks, e foi o empurrãozinho que me faltava. Mas calma, que eu já falo disso com você. Primeiro, vamos às minhas impressões sobre o livro.



Luzes de Emergência... conta a história de Ike, apelido para Henrique, um jovem universitário de Canoas, que tem uma vidinha comum até que seu melhor amigo, Gabriel, sofre um acidente e entra em coma profundo. A partir daí, tudo muda e ele se vê tomado pelo ímpeto de escrever tudo o que acontece na "ausência" de Gabriel, para que o amigo possa ler quando despertar. E é disso que o livro trata: as cartas escritas por Ike sobre o cotidiano e os fatos da vida dão o tom da narrativa.

O livro é epistolar, narrado pelo Ike através de suas detalhadas cartas, com apenas uns poucos capítulos intermediários narrados em terceira pessoa, que servem para dar ao leitor a visão de fatos desconhecidos pelo narrador. É aquele raro tipo de livro que consegue ser despretensioso e, ao mesmo tempo, surpreender. Isso porque, apesar da narrativa coloquial, ele traz analogias muito interessantes, e leva a uma reflexão ao longo das páginas.

Estas reflexões passam longe do pseudointelectual, e estão mais ligadas às duvidas comuns de jovens adultos que ainda não encontraram direito o seu lugar no mundo, como, por exemplo: É preciso ter um motivo específico para ser feliz, ou é possível ser feliz por nada? A sexualidade é algo fechado e imutável, ou dá para um indivíduo se interessar ora por meninos, ora por meninas? É verdade que a gente tira a pessoa da província mas não tira a província da pessoa? E, finalmente, na falta de energia elétrica, como as luzes de emergência se acenderão automaticamente? 

Um fato bem curioso é que o Ike, por si só, não tem nada de especial. É um cara comum, com medos, problemas e dúvidas comuns, por vezes até soa meio obtuso para o leitor. Porém, em certos momentos, tem insights muito interessantes quando começa a refletir sobre a vida e, sobretudo, durante as conversas com seu amigo Dante, personagem que acaba crescendo na história e do qual eu gostei muito. 

É interessante notar que, no início do livro, Ike parece estar escrevendo para ser lido, preocupa-se em "fazer sentido" e não deixar fatos soltos nas cartas. Isso porque ele tinha certeza de que o destinatário dos textos, Gabriel, acordaria do coma e poderia se inteirar sobre o que aconteceu enquanto esteve ausente pela narrativa de Ike. Conforme o tempo passa, a verdade começa a se apoderar de Ike, e ele sente que, muito provavelmente, seu amigo jamais sairá do coma, jamais chegará a pôr os olhos naquelas correspondências. Assim, inconscientemente, passa a escrever mais para si do que para qualquer pessoa, sem a pretensão de ser lido, somente porque colocar os sentimentos no papel faz bem a ele. 

Ah, não se engane. Apesar de ser um livro epistolar, os fatos narrados não giram somente em torno de Ike. Ao longo das cartas, outros personagens vão surgindo, como as famílias de Ike e de Gabriel, Dante, a namorada de Ike, amigos em comum e por aí vai. Isso faz com que o livro não fique chato ou monótono em momento algum. Pelo contrário, é o tipo de livro que se lê em uma sentada só. 

Eu fiz um vídeo falando sobre minhas impressões mais aprofundadas de leitura e ficou muito legal. Vale a pena o play ;)


Se você gostou da premissa e quer ler, ou já leu o livro, fica o convite: dia 20 de maio às 19:30 acontece na Livraria Blooks o segundo debate do Leia Mulheres, clube de leitura mediado pelas lindas Denise Mercedes, Luara França e Marina Burdman. O tema do mês vai ser, obviamente, o livro de Luisa Geisler, e a Blooks fica na Praia de Botafogo 316. Quem nos vemos lá? :)
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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