Cocota Nerd Lê: Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

terça-feira, 4 de março de 2014
Uma coisa é certa: eu adoro distopias. Até muito pouco tempo atrás eu tinha minha tríade de distopias favoritas: 1984, Admirável Mundo Novo e A Revolução dos Bichos. E aí veio Ray Bradbury e ganhou meu coração com seu genial Fahrenheit 451. Pronto, tenho uma nova distopia preferida, e vou contar o porquê. 



A premissa de Fahrenheit 451 é curiosa: uma sociedade em que ler e até mesmo possuir livros em  casa é proibido. Para combater este crime existem os bombeiros, que, ao invés de apagarem os incêndios, os iniciam. Mais precisamente, os bombeiros nesta sociedade têm o único propósito de encontrar e destruir livros clandestinos, ateando fogo neles. Daí o título, já que 451 graus fahrenheit é a temperatura em que o papel pega fogo.



No caso, os livros eram proibidos porque, nesta sociedade, pensar e questionar não eram atividades incentivadas. Muito pelo contrário, as pessoas viviam em uma espécie de felicidade alienada, dominadas pela TV e pelas drogas recreativas. Tudo para viverem felizes, sem nem saberem o porquê. Obviamente o Estado encorajava esse estado de letargia, afinal, uma sociedade feliz e sem opiniões próprias é mais fácil de se oprimir e controlar do que uma sociedade com massa crítica. Lembra da política do pão e circo? Pois bem, neste contexto não é difícil compreender o motivo de os livros serem demonizados, já que escondem tantos questionamentos e informações em suas páginas. 

Pois bem, nosso personagem principal é o Guy Montag, um bombeiro que adora o seu trabalho. Adora tanto que não se incomoda de destruir milhares de bibliotecas ao longo de sua carreira. Isso muda drasticamente, porém, quando ele encontra a senhora Blake, proprietária de uma imensa biblioteca clandestina e que, quando descoberta, escolhe queimar viva junta com seus amados livros do que abandoná-los. E é aí que ele começa a se questionar: o que há de tão importante nos livros, e por que eles são vistos como uma ameaça tão grande? 

"Deve haver alguma coisa nos livros, coisas que não podemos imaginar, para levar uma mulher a ficar numa casa em chamas; tem de haver alguma coisa. Ninguém se mata assim a troco de nada."

E é a partir deste momento que o livro sofre um plot twist e Montag vai procurar enlouquecidamente as respostas para as perguntas que ele guardou dentro de si a vida inteira. Nesta procura, ele acaba encontrando personagens que simbolizam a resistência: pessoas que vivem à margem da sociedade, escondidas, com a esperança de que algum dia os livros voltem a ter importância. Inclusive, para que os livros não morram, estes personagens decoram as histórias e as passam adiante geração após geração, se tornando praticamente livros humanos. Assim, a memória e os ensinamentos dos livros permanecem vivos. Achei isso tão genial que não tenho nem palavras para descrever!



Fahrenheit 451 não é somente uma crítica à opressão e à sociedade de controle como as outras distopias. Em sua obra-prima, Bradbury vai além e faz uma profunda crítica ao consumismo desvairado, à indústria cultural, à publicidade sem critérios e ao "emburrecimento" da população, que escolhe por sua própria conta viver em alienação ao invés de formar opiniões e questionar o status quo. É assustador, e não muito diferente do que vemos em nossa sociedade atual, né?

Fiz um vídeo com minhas impressões de leitura de Fahrenheit 451 e meus pitacos sobre outros dois excelentes livros de Ray Bradbury que recebi de cortesia da Biblioteca Azul/Globo Livros: A cidade inteira dorme e outros contos, e As crônicas marcianas. Está imperdível:




E você, também é apaixonado por distopias como eu? Já leu Bradbury? Me conta nos comentários!

Disclaimer: Este livro foi enviado pela editora para resenha. Tudo o que foi exposto neste artigo é baseado em minha opinião sincera e não recebo nenhum tipo de compensação para escrever o post.
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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