#NãoMereçoSerEstuprada

domingo, 30 de março de 2014


Nessa semana saiu uma notícia assustadora: segundo pesquisa do Ipea, 65% dos brasileiros afirmam que as mulheres têm responsabilidade sobre o estupro caso use "roupas provocantes" ou "não se comportem". Em outras palavras, mulher que não é ~certinha~ e não sabe se comportar merece ser estuprada. Isso para mim não é novidade alguma, porque basta ler um pouco sobre feminismo e ver as notícias escabrosas sobre estupros, agressões e outros crimes de caráter sexista que saem todos os dias para saber que isto é uma triste realidade. Porém, é muito importante uma pesquisa como essa, porque traz à tona o problema para o grande público. 

É revoltante, que em 2014 a gente tenha que ensinar as pessoas que isso aí está muito errado, que é apologia ao estupro, que é crime. E depois as pessoas vêm me dizer que não, não existe cultura do estupro. Aham, Cláudia. Esta pesquisa só joga na nossa cara um fato que a gente já sabia há muito tempo: temos que caçar as bruxas, tacar pedras na Geni, ofender as piriguetes. Elas não prestam, porque são mulheres, logo, são seres inferiores e, logo, só têm o direito de permanecerem caladas. 

Em protesto, foi criado o movimento #NãoMereçoSerEstuprada, para que as mulheres possam soltar a voz sobre o assunto e mostrar que, seja de burka, seja pelada, nenhuma mulher merece ser estuprada. Eu fiz o meu em vídeo, porque acredito ser a minha mídia mais forte, e foi a melhor forma que eu encontrei de expressar a minha opinião. 

Assista, compartilhe, dê sua opinião.


Como os trollzinhos machistas de plantão já foram me "acusar" nos comentários do vídeo (devidamente deletados, porque não sou obrigada a argumentar com essa gente), gostaria de reiterar que não tem diferença se eu estiver vestida dos pés à cabeça ou se estiver de roupa curta no número de obscenidades que ouço na rua. Já ouvi desde "gostosa" até ~chupo toda~ usando calça, roupas largas ou qualquer outro tipo de vestimenta comportada, então posso afirmar que mostrar o corpo não é a causa disso

Eu quero, e mereço, ter o direito de usar a roupa que eu quiser, me comportar da maneira como me convém, sem que isso sirva de desculpa para ofensas, agressões, estupros, cantadas. O seu direito de expressão termina quando começa o meu direito de andar na rua sem ser incomodada, sem que meu corpo vire alvo de comentários ou seja encarado como área de acesso livre. Não é uma questão de liberdade de poder dizer o que pensa, e sim uma questão de direitos humanos. Você pode me achar gostosa, ter vontade de me comer, me achar uma princesa. Mas, por favor, guarde sua opinião para si mesmo caso eu não tenha pedido para ouvir. 

Concorda comigo? Gostou do vídeo? Então compartilhe, ajude a subir a hashtag nas redes sociais, vamos lutar por um mundo com menos babacas! 
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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