Meu Clássico Preferido: O Morro dos Ventos Uivantes

quarta-feira, 21 de maio de 2014
Eu amo os clássicos, mas confesso que leio pouco. Então, resolvi reservar um espacinho só para os grandes clássicos da literatura nacional e internacional aqui no blog. Quem sabe não me incentiva a investir mais neste gênero, não é mesmo? Enfim, para "inaugurar" a sessão decidi falar de O Morro dos Ventos Uivantes, que eu li há um tempo e virou amor para toda a vida! 



Há, na literatura, histórias de amor lindas e inspiradoras, recheadas de casais que ultrapassam mil barreiras em busca da felicidade. Todo mundo tem uma preferida, e eu mesma me derreto por romances bem açucarados. Mas, e quando a paixão é tão forte que vence até mesmo… a morte? Pode parecer macabro ou sombrio, mas este é o mote do clássico britânico O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë.

Antes de eu começar a resenha, porém, devo lembrar a você que O Morro dos Ventos Uivantes não é um romance aguinha com açúcar, em que os protagonistas comem o pão que o diabo amassou antes do final feliz. Portanto, se você está esperando diálogos do tipo “você é a minha vida agora”, este livro não é para você. Digo isto porque, como a obra de Brontë é a favorita do casal de Crepúsculo, muitas fãs da série acabam se decepcionando com a leitura. O Morro dos Ventos Uivantes não é, na verdade, uma história sobre amor, mas sim sobre paixão doentia, aquela que beira à obsessão. Talvez por isso cause tanto estranhamento em leitores desavisados.



O casal principal do livro é composto por Catherine, filha mimada do rico dono da propriedade O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights), e Heathcliff, que foi adotado pelo pai da mocinha quando menino. Muito cedo Catherine e Heathcliff apaixonam-se. Porém, após a morte do pai de Catherine, seu irmão mais velho revela-se um tirano e passa a comandar Wuthering Heights com mãos de ferro, tratando Heathcliff como um mero criado, humilhando-o sempre que possível. Começa a nascer aí um sentimento deódio, porém Heathcliff agüenta as agressões por causa de Cathy. Ela, por sua vez, ama Heathcliff profundamente, mas, orgulhosa, não pode suportar a idéia de relacionar-se com um criado rude e mal-educado.

Assim, quando recebe um pedido de casamento do jovem Edgar Linton, proprietário da fazenda vizinha, Catherine não hesita em aceitar, pois ele vinha de família importante e tinha muito dinheiro. Decepcionado com a traição, Heathcliff deixa Wuthering Heights sem se despedir. Tempos depois, quando Catherine e Edgar já estão casados, Heathcliff volta rico e com sede de vingança. Depois de retomar a casa de Wuthering Heights, ele volta a se encontrar com Cathy, que finalmente se arrepende de ter rejeitado Heathcliff. O casal ensaia uma reconciliação, mas Catherine acaba morrendo de parto antes disso.

A partir daí, o que acontece é uma sucessão de atos cruéis e vingativos de Heathcliff para com Edgar Linton, a filhinha homônima de Catherine e até mesmo seu próprio filho. Em certos momentos, as atrocidades cometidas por ele eram tantas que eu tinha vontade de fechar o livro. Não faltam brigas, barracos e armações, pois, para se vingar dos maus tratos e das humilhações sofridas durante toda a vida, Heathcliff não mede esforços. E, mesmo depois da morte de Cathy, ele continua fiel e devotado a ela, visitando seu túmulo regularmente e “conversando” com a amada. Tanto que uma das cenas mais lindas do livro é justamente no começo, quando o suposto fantasma de Catherine vai bater à sua janela e ele chora como um bebê, despindo a máscara do homem mau e vingativo.

Como eu já disse, não creio que o que Heathcliff sentia por Cathy era exatamente amor. Tinha mais a ver com uma paixão que, mesmo após sua morte, continuava a arder. Ela, por sua vez, era egoísta e mimada, e a única verdade em sua vida era o amor que sentia por Heathcliff. Este amor, contudo, não foi o suficiente para fazê-la abrir mão de um casamento vantajoso. Creio que, no fim das contas, a paixão por Heathcliff estivesse ligada ao controle e à possessão, já que ela era mais rica e, portanto, mais poderosa do que ele.



Crueldades e paixões obsessivas à parte, O Morro dos Ventos Uivantes é um livro que todo mundo deveria ler algum dia. O livro é extremamente rico e bem escrito, com uma narrativa que alterna entre a primeira e a terceira pessoa, uma inovação para a época. É uma pena que Emily Brontë não tenha vivido o suficiente para escrever mais romances, porque este com certeza virou um dos queridinhos da minha estante. Nem preciso dizer que recomendo muito, né?

Em tempo, O Morro dos Ventos Uivantes é tão famoso que virou filme E música. Kate Bush fez uma canção baseada no livro, chamada Wuthering Heights, e eu acho sensacional. Mas a minha versão favorita é a versão do Angra. A letra é muito bonita e bem bolada, é o espírito da Cathy dialogando com Heathcliff. Lindo demais. *-*

"I'm coming back, love. Cruel Heathcliff! My one dream, my only master.
Too long I roam in the night. I`m coming back to his side to put it right.
I'm coming home to Wuthering ,Wuthering, Wuthering Heights.

Heathcliff,
It's me, Cathy, I've come home and I'm so cold
Let me in your window..."
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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