Faça Acontecer: Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar

quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Faça Acontecer, da Sheryl Sandberg foi um super best-seller nos EUA e eu achei a leitura bastante inspiradora. A Cheryl é a chefe de operações do facebook, uma das mulheres mais influentes do mundo, e tem muito a nos ensinar quando o assunto são mulheres ambiciosas e que almejam chegar a uma posiução de liderança em suas carreiras. Neste livro ela fala sobre mulheres, trabalho e a vontade de liderar, então se você se identificou com isso, com certeza este livro é para você.




Vou começar dizendo que eu não classificaria esse livro como autoajuda, apesar de, sim ele falar muito sobre acreditar no seu potencial, e não na sorte ou ajudinhas externas. Mas este não é o foco, então eu realmente não acho que seja um livro de autoajuda, mas também não é um livro de carreira tradicional, com foco muito no mercado, que eu vejo por aí. É uma mistura de tudo isso, com foco obviamente nas mulheres.

O que eu achei bem interessante é que a Sheryl é o tipo de mulher que você vê nos filmes e acha que é uma super workaholic que só trabalha o dia inteiro e não tem nenhuma vida pessoal, e ela desmistifica isso, fala que tem sim um tempo para ela e para a família, mas que ama muito seu trabalho, então acaba meio que sendo uma fonte de prazer também. Ela cosnegue conciliar esses dois mundos, e ela encoraja as mulheres que queiram fazer o mesmo.

Algo que me fez refletir bastante é que a Sheryl fala que cuidar da casa em tempo integral, criar os filhos etc é um dos trabalhos mais difíceis e deve ser muito respeitado. Apenas ela acha que esta não é a vocação dela, e nem acha que todas as mulheres devem seguir este caminho se não o desejarem.

Ela mostra que não tem razão nenhuma para julgar uma mulher que decida por vontade própria abdicar da carreira para ficar em casa, mas que existe uma alternativa a isso para mulheres como ela, e como eu, que não se entusiasmam muito com tal perspectiva. A gente não precisa se contentar com o posto de dona de casa somente porque acha que nunca vai conseguir chegar a uma posição de liderança e ter um salário bacana. Ela fala para essas mulheres que têm a vontade de galgar posições em suas carreiras, mas que precisam de um empurrãozinho para fazer acontecer.

Um ponto que ela ressalta várias vezes ao longo dos capítulos é a importância de se incentivar as mulheres a fazer suas próprias escolhas ao invés de aceitarem escolhas impostas. Que você não precisa ser uma dona de casa só porque nasceu mulher, se não quiser. Que você pode ser o que bem entender. Porque mesmo hoje há essa cultura de que a mulher tem instinto de dona de casa já de nascença, e isso é incentivado desde cedo. Outro dia mesmo, eu estava em uma loja e em 5 minutos na sessão de brinquedos eu vi mini lavadora de roupas, panelinhas e mini lavadora de louças. Quer dizer, desde pequenas nos fazem acreditar que lugar de mulher é, sim, em casa, fazendo tarefas domésticas.




Um dos pontos que ela levanta no livro é que as mulheres estão cada vez mais interessadas em ingressar no mercado de trabalho e ambicionam cargos cada vez mais importantes. Isso porque, segundo a Sheryl Sandberg, é porque nós temos a vontade inerente de chefiar, mas muitas vezes temos medo, por mil razões. Uma dessas razões é a criação. Desde cedo nós fomos criadas para sermos educadas, falar baixinho e obedecermos, o que não combina nem um pouco com cargos de liderança. Tanto que bossy, em inglês, para homem é legal, mas para uma mulher ser chamada de bossy é pejorativo, porque, afinal, ninguém quer uma mulher mandona. Outras razões são a questão de conciliar a maternidade com o trabalho, o que nem sempre é muito fácil e muitas vezes as mulheres acabam largando o trabalho para cuidar da família.

E nisso ela dá vários toques que fazem muito sentuido mas que não são coisas muito racionais se parar para pensar. Logo no início do livro ela fala de uma coisa que a deixou muito envergonhada. Ela estava dando uma palestra e disse que só iria responder a mais uma pergunta da plateia. Neste instante, todas as mulheres baixaram as mãos, mas todos os homens mantiveram as suas levantadas, e ela acabou respondendo a mais de uma pergunta. Ela só se tocou isso quando uma das mulheres que estavam assistindo a palestra comentou que o maior ensinamento que tinha aprendido aquele dia era “sempre manter a mão levantada”. E ela se deu conta que, se ela, que era mulher, e que vivia na pele todos esses preconceitos, não enxergou isso, imagina seus colegas homens. A partir daí ela passou a tomar mais cuidado com esse tipo de coisa, porque segundo ela as mulheres tendem mais a se colocarem em posições invisíveis e atribuírem seu sucesso à sorte e a bons contatos, enquanto os homens atribuem seu próprio sucesso somente aos próprios esforços.

Isso porque as mulheres não estão habituadas a enxergar seu potencial. Então ela fala que a gente precisa se acostumar a pegar o nosso lugar à mesa, ou seja, trazer as decisões para si, dar opinião, se fazer ouvir, porque é só assim que se evolui.

Uma coisa que eu achei bem interessante é que ela fala que a emancipação e a liderança feminina só vão ser possíveis em um mundo que ela chama de fifty-fifty, ou seja, 50% de homens trabalhando fora e 50% de homens trabalhando dentro de casa e vice-versa obviamente. Inclusive, deixa bem claro que os homens não devem ser menosprezados se decidirem optar por trabalhar em casa e se retirarem do mercado de trabalho quando seus salários são mais baixos que os da esposa, esta é uma opção perfeitamente válida e nobre. Ela dá várias estatísticas que corroboram isso que ela está falando.

Segundo Sheryl, essa é a maneira mais justa, porque enquanto as mulheres tiverem que fazer dupla jornada nada vai mudar. Ela fala que temos que lutar contra esse mito de super-mulheres que dão conta de tudo e ainda por cima de salto alto, porque isso nao tem nada de feminista ao contrário do que alguns pensam. O ideal não é ser uma super heroína que cuida da casa, de si e do trabalho sem tirar um fio de cabelo do lugar, mas sim lutar por um mundo em que as tarefas sejam divididas igualmente. Em tempo, não existe isso de “ah, meu marido é bonzinho, super me ajuda a cuidar das crianças”. Ele não ajuda, porque isso é obrigação dele também.

A parte que mais me fez refletir foi quando ela fala sobre aumento e promoção. Segundo ela, um homem sempre negocia seu salário com o chefe, enquanto a mulher tende a ficar feliz com a quantia oferecida e nem discute, apenas sorri e agradece. Daí ela fala que quando o Mark Zuckerberg fez a proposta, o salário oferecido era ótimo, mas ainda assim ela não aceitou de cara, fez uma contraproposta, morrendo de medo que ele desistisse de contrata-la para sua empresa, que até então estava engatinhando. O que ocorreu é que ele aceitou pagar a ela o salário sugerido. Então, a lição que se tira disso é que precisamos dar valor ao nosso trabalho e não aceitar qualquer migalha, e é algo que eu preciso muito aprender também, então esse foi um dos maiores insights que este livro me deu.

Uma coisa que eu adorei na leitura deste livro é que a Sheryl é obviamente feminista, mas ela não fica levantando bandeiras durante o livro. E por que eu acho isso bom? Porque eu não acho que este seja um livro exatamente sobre feminismo, se você tem interesse no assunto existem muitos outros livros melhores para se aprofundar, mas não é o caso de faça acontecer. Esse livro é focado mesmo em carreira, então não teria propósito algum ela ficar levantando bandeira, ao contrário, talvez até afastasse o público. 

Apesar de muita gente criticar a Sheryl e afirmar que ela traz o pior do mundo dos homens para o das mulheres, que seria esta coisa do work hard, capitalismo selvagem, eu não vi dessa forma. Ela não diz em momento algum que todas as mulheres são obrigadas a trabalharem 24/7 e que este estilo de vida é para todo mundo, ou que todas devem necessariamente almejar a liderança. O que ela diz é que, se você já tiver esse desejo de liderança, que lute por ela.

Como eu falei, achei achei a leitura do livro da Sheryl muito inspiradora e o indico muito para todas as minhas seguidoras, sobretudo aquelas que têm o objetivo de fazer acontecer, seja em qualquer ramo, em qualquer área de atuação. Acredite, vale a pena. ;)
Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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