Mesmo se Nada Der Certo

terça-feira, 23 de setembro de 2014

"But are we all lost stars trying to light up the dark?"



Eu sou dessas pessoas que curtem uma solidão amiga de vez em quando. Não que eu não goste de estar com outras pessoas e trocar ideias, mas preciso passar um tempo comigo mesma para funcionar direito. E daí que desde a época do colégio eu adquiri o hábito de ir ao cinema sozinha, sobretudo quando a pressão é tanta que meu cérebro precisa de uma válvula de escape para não explodir. Ontem foi um destes dias repletos de nuvenzinhas negras, mas que acabou me rendendo uma grata surpresa: assistir a Mesmo se Nada der Certo no cinema em plena segunda-feira, após o expediente.

O filme com Keira Knightley, Mark Ruffalo e Adam Levine tem uma premissa simples e até um pouco batida: jovem toma um pé na bunda e parte em uma jornada de autodescoberta. A jovem em questão é Gretta, vivida por Keira Knightley, compositora indie que se muda para NY acompanhando o namorado popstar, Dave, e acaba sendo abandonada por ele tão logo a fama sobe à cabeça. Ao conhecer o falido ex-produtor musical Dan, Gretta resolve gravar seu álbum não em um estúdio caro, mas sim pelas ruas da cidade que não dorme. Para isso, conta com a ajuda de vários músicos teoricamente fracassados, mas que acabam se revelando talentos em busca de uma chance.

Enquanto Dan e Gretta trabalham no inusitado projeto, ambos vão trabalhando questões mal-resolvidas de seus relacionamentos pessoais e profissionais, sem que, contudo, o filme se torne dramático ou piegas demais. Ah! Não tem romance meloso, o que já conta um milhão de pontos comigo. 

A história é contada de uma maneira muito interessante, que não deixa a história cair na banalidade. A cena inicial é fragmentada e narrada sob diferentes pontos de vista, e este recurso é ótimo para nos apresentar logo de cara os personagens e seus dramas particulares. 

O ponto mais alto não poderia deixar de ser a trilha sonora. As canções que embalam o filme são gostosas de se escutar e têm letras que se encaixam perfeitamente com as situações retratadas, deixando com que o próprio espectador reflita sobre si mesmo, sua vida, suas experiências. Impossível não se identificar com a sensação de estar sozinho no mundo, de se ver perdido, sem rumo. Eu diria que a música em si é uma das personagens principais deste filme, ao invés de mero pano de fundo. 

Inclusive a questão do "lidar com o próprio fracasso" é um tema recorrente no longa, e eu gostei bastante da maneira como isso é abordado. Ao invés de sugerir que o sucesso é o único fim, o filme nos mostra que nem existe um "fim", pois sempre há caminhos alternativos.  

E eu acho que a mensagem que Mesmo se Nada der Certo deixa é essa: no fim das contas, nem todos nós vamos ser vencedores na vida, ter sucesso, fama, ou dinheiro. Mas podermos nos descobrir, encontrar e aprimorar o que há de melhor em nós. 



Mesmo se Nada der Certo vale com certeza o ingresso e foi uma bela maneira de se finalizar uma segunda-feira cinzenta. 

Fabiola Paschoal
Bibliófila, feminista, redatora, geek. Entusiasta das letras e das artes, adora quebrar estereótipos e dar opinião sobre qualquer assunto.

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